quinta-feira, 20 de dezembro de 2012


Esta é uma parte do processo de criação de cada imagem. Primeiro o rascunho, depois as primeiras camadas da aquarela e, por fim, ela pronta.




Após criar um roteiro e ir trabalhando em cada cena uma por uma, mudando, quando senti necessário, aquele primeiro desenho ou acrescentando mais cenas, começa a ficar mais clara a discussão da narrativa visual; o tempo entre cada imagem e como mostrá-las, se em uma ordem pré-estabelecida ou se em imagens soltas aonde a ordem fica a critério do leitor/observador. 
A historia que criei tem um tempo suave, calmo; o tempo da brisa que vem do mar; o tempo que se leva pra sentir aquela brisa, para se sentir mar. É um tempo natural, é de cada um..
como dar essa sensação ao leitor/observador? 

Fiz alguns testes de como montar a história:

Neste primeiro teste, imaginei como em um livro de sanfona,todo aberto e comprido, como a linha do horizonte. 




Nessas duas próximas montagens, pensei em um modo de mostrá-las enfatizando algumas cenas tendo essas em um tamanho maior e o que me deu a sensação de maior duração também. Porém, senti que é dinâmico de mais; nosso olho passa por cada imagem e fica pouco, logo passa para a próxima e a próxima não dando o tempo que a história precisa para acontecer.




Nesta última maneira que dispus as imagens, achei que aqui , este branco que separa as imagens, dá a sensação do silêncio que se precisa entre cada cena e sendo assim a história acontece naturalmente, o tempo se desenvolve com calma tendo apenas como interferência o modo como o leitor/observador lidará com a narrativa.



Essas impressões são baseadas em experimentações de montagem dessa narrativa de modo, ainda, digital. Em um exemplar físico, como um livro sanfonado por exemplo, imagino que o tempo funcione também de modo natural; o fato de se poder ver cada imagem como uma página faria a função destes espaços em branco citados na última imagem. Esta será a minha próxima experimentação.


Esta história teve como inspiração o poema:

Inicial

O mar azul e branco e as luzidias
Pedras: O arfado espaço
Onde o que está lavado se relava

Para o rito do espanto e do começo
Onde sou a mim mesma devolvida
Em sal espuma e concha regressada
À praia inicial da minha vida

(Sophia de Mello Breyner)



Nenhum comentário:

Postar um comentário