segunda-feira, 8 de julho de 2013

Finalmente, depois dos estudos veio o projeto final!
 O livro Que bons ventos o trazem? conta  uma das visitas de Felício, o vendedor de algodão doce de chuva, a um menino que precisava de sua doçura num momento difícil da vida: uma despedida.

A história surgiu depois do personagem (aqui : www.nataliagregorini.blogspot.com conto um pouquinho da vida do Felício) e veio pra tentar acalmar as despedidas reais. 


Depois de já ter em mente o que eu desejava para a história, comecei a escrever - pois, a princípio achei mais fácil visualizar as cenas escrevendo do que desenhando- uma ordem para os acontecimentos que eu imaginava. Fiquei um bom tempo tentando juntar os acontecimentos com pequenos rascunhos das cenas e pequenas historinhas escritas, porém, apenas quando montei um boneco com o tamanho e número de páginas definido é que comecei a visualizar o que faria com que aquelas imagens soltas que havia em meus rascunhos e em minha mente se tornassem uma narrativa visual. O fato de não poder "explicar" ou indicar o que acontece na cena através de texto faz com que o cuidado relativo à ligação de cada cena com a outra, os elementos que caracterizam cada personagem, o cenário, os movimentos e intenções, seja maior. Os desenhos precisam ser claros para que se faça entender a narrativa.

Aqui estão algumas imagens do boneco e das cenas que estão começando a nascer em cores:











Logo contarei o que vem depois junto com mais do que veio antes.







sábado, 29 de dezembro de 2012

 Uma nova narrativa visual! Dessa vez mais curta e com uma necessidade diferente daquela da primeira história. 
Aqui, as três imagens ocupam “o mesmo espaço”; são montadas como nas histórias em quadrinhos. Em uma página apenas a narrativa inicia, se desenvolve e chega ao fim. O tempo entre cada acontecimento é mais direto, não faz questão de grandes respiros e entremeios. Cada cena mostra apenas o essencial do acontecimento. 
Ao contrário da história anterior, na qual a menina e o mar precisam de um tempo para o reconhecimento, o vento precisa ser sentido e a narrativa é mais demorada, apresenta mais espaços para que o leitor/observador sinta e crie juntamente com as imagens; essa nova história mostra uma transformação, e apenas depois dessa transformação que a história de fato acontece, ou seja, o tempo é curto, são os minutos necessários para que ela crie asas e comece a voar. 
A disposição das imagens mostra exatamente essa diferença. Os dois primeiros quadros, menores, são segundos, flashes; enquanto que o terceiro e último é a causa, o motivo pelo qual a história começou e dali é que ela deve seguir (na imaginação de quem a lê/vê).

A respeito ainda da disposição das imagens, fiz dois testes com aqueles espaços em branco que as dividem; fiz também uma montagem sem os espaços, mas, ainda que a história seja rápida, ela precisa de um tempo, o segundo de uma piscada de olhos, entre cada cena. Montei-as primeiramente como quadrados alinhados, porém, aquela limpeza dos espaços entre eles não condizia.. não sei se por conta desse tempo, que deve ser na medida certa e daquela maneira havia ficado longo de mais ou se pela característica da história, de ser fantasiosa e delicada de mais para as linhas e ângulos retos; daí então decidi esfumaçar as margens de cada cena, como se a aquarela tivesse transbordando. O resultado ficou, em minha opinião, perfeito! Ainda que sejam cenas de rápida leitura, criou-se um espaço maior em cada uma e uma transitoriedade mais suave entre elas.





sábado, 22 de dezembro de 2012




Hoje imprimi as ilustrações pensando na questão da materialidade do livro. Qual escala usar? Qual encadernação? Escolhi a escala das aquarelas originais; um retângulo de 12 x 12,5 cm. 
Porque não fazê-las maior? 
Quis preservar um tamanho que as mãos possam manipular facilmente e que também seja como um segredo, como aquele potinho de conchas que a menina segura e presenteia ao mar. 
Após escolher um tamanho, coloquei as imagens em cima da cama e assim que a minha irmã mais nova, Sofia (6 anos) viu, imediatamente começou a montar a sua própria história. Gostei muito de ver como ela brincou com cada imagem e se apropriou da narrativa. Essa seria uma maneira de manter o livro, com as páginas sendo como cartas com as quais podemos brincar de montar histórias. 






Porém, eu ainda imaginava e desejava que o horizonte fizesse parte da forma do livro e além disso, embora seja maravilhoso que as cenas possam ser reorganizadas, eu gostaria que elas seguissem a narrativa inicial pois assim manteriam a aura silenciosa que a história necessita. Sendo assim, montei um boneco do livro em sanfona, o formato que já havia planejado desde o início:








Gostei bastante do resultado; a encadernação em sanfona dá a possibilidade de ler o livro como habitualmente o fazemos e, com apenas o movimento de abri-lo, o horizonte está ali. Vendo-o fisicamente, os espaços em branco entre uma imagem e a outra antes mencionados, não fazem falta, a narrativa segue seu tempo necessário, mudando apenas quando desejamos que ocorra. 




sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Lendo A Trilogia da Margem, O Livro-Imagem segundo Susy Lee, me deparei com este trecho: "A postura diante de diferentes suportes não pode ser a mesma. Cortar ou redimensionar figuras e comprimi-las em páginas não cria necessariamente um livro-imagem". Me fez pensar bastante naquela relação das figuras "amontoadas" em um dos exemplos que dei, aquele em que as imagens colocadas como em uma folha só e bem próximas não fazem o tempo da narrativa ocorrer. Pensar na materialidade do livro, a sua escala, dobras, encadernação, etc é fundamental para que a história seja não apenas contada, mas sentida pelo leitor/observador."O mais desafiador na criação de livros-imagem é ser capaz de conduzir, com delicadeza, os leitores e, ao mesmo tempo, abrir todas as possibilidades de diversas experiências de leitura" ( Susy Lee).

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012


Esta é uma parte do processo de criação de cada imagem. Primeiro o rascunho, depois as primeiras camadas da aquarela e, por fim, ela pronta.




Após criar um roteiro e ir trabalhando em cada cena uma por uma, mudando, quando senti necessário, aquele primeiro desenho ou acrescentando mais cenas, começa a ficar mais clara a discussão da narrativa visual; o tempo entre cada imagem e como mostrá-las, se em uma ordem pré-estabelecida ou se em imagens soltas aonde a ordem fica a critério do leitor/observador. 
A historia que criei tem um tempo suave, calmo; o tempo da brisa que vem do mar; o tempo que se leva pra sentir aquela brisa, para se sentir mar. É um tempo natural, é de cada um..
como dar essa sensação ao leitor/observador? 

Fiz alguns testes de como montar a história:

Neste primeiro teste, imaginei como em um livro de sanfona,todo aberto e comprido, como a linha do horizonte. 




Nessas duas próximas montagens, pensei em um modo de mostrá-las enfatizando algumas cenas tendo essas em um tamanho maior e o que me deu a sensação de maior duração também. Porém, senti que é dinâmico de mais; nosso olho passa por cada imagem e fica pouco, logo passa para a próxima e a próxima não dando o tempo que a história precisa para acontecer.




Nesta última maneira que dispus as imagens, achei que aqui , este branco que separa as imagens, dá a sensação do silêncio que se precisa entre cada cena e sendo assim a história acontece naturalmente, o tempo se desenvolve com calma tendo apenas como interferência o modo como o leitor/observador lidará com a narrativa.



Essas impressões são baseadas em experimentações de montagem dessa narrativa de modo, ainda, digital. Em um exemplar físico, como um livro sanfonado por exemplo, imagino que o tempo funcione também de modo natural; o fato de se poder ver cada imagem como uma página faria a função destes espaços em branco citados na última imagem. Esta será a minha próxima experimentação.


Esta história teve como inspiração o poema:

Inicial

O mar azul e branco e as luzidias
Pedras: O arfado espaço
Onde o que está lavado se relava

Para o rito do espanto e do começo
Onde sou a mim mesma devolvida
Em sal espuma e concha regressada
À praia inicial da minha vida

(Sophia de Mello Breyner)



terça-feira, 18 de dezembro de 2012



Primeiros rascunhos para a primeira experimentação de uma história.


Aqui será mostrado todo o processo de criação e elaboração do livro de imagens " Que Bons Ventos o trazem?".